3. Mudança de paradigma?
Este post foi inspirado por uma imagem que eu encontrei por mero acaso num post do facebook (R) e que me pôs a pensar.A tecnologia é uma área fantástica. Volta e meia existe um gadget novo ou uma aplicação que permite tirar fotografias mais sofisticadas por qualquer pessoa e em qualquer lugar. O próprio paradigma da foto que a pessoa decide tirar tem mudado ao longo dos anos.Ora, e correndo o risco de parecer a minha avó a discursar, ainda sou do tempo em que as pessoas tinham que gerir como, onde e que fotografias tirar, pois o rolo era finito e gastavam-se bastantes escudos a mandar revelar os rolos de fotos tiradas.Basicamente o ritual da fotografia na era pré digital consistia (e aqui peço-vos que me ajudem a completar pois certamente esqueço alguma etapa):
- Verificar a presença do rolo, nunca mas NUNCA abrindo o compartimento onde este se encontrava inserido, pois este acto significaria estragar algumas fotos e não era esse o objectivo;
- Ligar a maquina;
- Treinar muito bem a pose que queríamos, antes do click fatal (OK aqui poderão as fotos não ficar como queremos mas não há maneira de o saber... Assim parece-me bastante emocionante, ou não);
- Quando o rolo acabava, mudar de rolo e colocar o usado dentro da caixinha.
[caption id="attachment_295" align="aligncenter" width="240"] Rolos Kodak (R)[/caption] Também o momento da revelação das obras de arte obtidas tinha o seu ritual:
- Ir ao fotógrafo com quem já existia alguma confiança e já havia revelado fotos de outras atividades, normalmente o fotógrafo do bairro;
- Entregar os vários rolos gastos e aguardar uns dias;
- Voilá, eis o momento da verdade: o dia em que vamos buscar as fotos tiradas e reveladas e descobrir se pudemos encher as nossas divisões da casa com molduras e/ou mais um ou dois álbuns fotográficos;
- Ver as fotos uma a uma e pensar: heish estou mesmo mal ou esta foto até ficou muito bem ou ainda um não me lembro de ter tirado esta foto!
- Guardar os negativos (coisa que alguns jovens já não devem saber o que é) para o caso de querermos copiar alguma fotografia!
- Por fim, pagamos a factura das nossas maluqueiras fotográficas, recebemos 1 ou 2 rolos de oferta por sermos tão bons clientes e saímos com um sorriso na cara com a perspectiva de preenchermos novas molduras e álbuns fotográficos espalhados pela casa.
Hoje em dia o acto de tirar uma fotografia pode-se dizer com toda a certeza, que se tornou bastante diferente. Se não, vejamos:
- Existem diversas formas disponíveis a qualquer pessoa para poder tirar uma foto. Desde o smartphone até à máquina reflex ou D- SLR, passando pelas máquinas point-and-shot, ipad, ipod, entre tantos outros gadgets e suas consequentes aplicações. Assim, podemos andar sempre prontos a captar os momentos que nos inspiram, sem pensar duas vezes e com qualidade razoável.
- A era digital permite-nos treinar, ver como ficámos e acertar (ou não!) com o que queremos sem preocupações de estarmos a gastar demais em rolos, podendo apagar as fotos e não deixar provas de poses menos felizes.
- A "revelação" das fotos baseia-se na passagem das fotos de um cartão de memória para um computador ou disco rígido.
- Após passagem para o computador, a decisão: apagamos alguma? Quais?
- E por fim a decisão: quais colocar em redes sociais, quais imprimir e quais colocar na moldura (apenas a diferença é ser digital e poder ter várias fotos a passar).
A verdade é que a área da fotografia tem evoluído ao longo dos tempos e o consumidor comum também se tem tornado mais curioso e exigente. Cultura de massas para as massas.Deixo ainda a imagem que referi ao início e que me inspirou neste post: Saudações,JP